A ESTRANHA RELAÇÃO ENTRE O PRESIDENTE DOS BRASILEIROS E ALEJANDA
18 de Agosto de 1999

Há muito a imprensa deixou de ser a ferramenta de fiscalização da sociedade para tornar-se a grande manipuladora da população. Só divulgam as informações que estão em "conformidade" com os seus interesses inconfessáveis. Mais um exemplo desta realidade hedionda ocorreu no mês de Julho de 1999, quando o presidente dos brasileiros fez, em Brasília, uma visita tão estranha quanto suspeita. Mesmo sendo uma notícia digna de um escândalo de grandes proporções absolutamente nada foi veiculado pela imprensa comprometida com os donos do poder no Brazil.

 

Quem é Alejandra?

Os vizinhos mal conhecem a pessoa que o presidente visitou. Chama-se Alejandra, uma morena de presumíveis 36 anos, cabelos longos, residente no apartamento 105. Uma vizinha informou que ela aparece por oito ou 10 dias e depois some novamente durante um mês, às vezes dois.
O Palácio do Planalto não explicou a natureza da visita de FH. Através da secretária, o porta-voz do presidente, embaixador Georges Lamaziere, mandou dizer que "não falaria sobre o assunto".

Jornal Tribuna da Imprensa, 03 de Julho de 1999 (Jornalista Claudio Humberto)

 

 

'Só um jantarzinho'

Após se recusar a falar no assunto, o Palácio do Planalto apresentou uma versão para a misteriosa visita que o presidente Fernando Henrique realizou quinta-feira à noite, num bairro de classe média em Brasília.
Agora, através de sua Secretaria de Imprensa, o Planalto garante que FH foi apenas jantar no apartamento 105 do edifício Free Way, e que estava acompanhado do diretor da Agência Nacional de Telecomunicações, Renato Guerreiro, e mulher. E que a anfitriã, Alejandra, seria uma "funcionária do setor" de telecomunicações homenageando o presidente. Dona Ruth não acompanhou o marido na visita de mais de quatro horas.

 

Para que o lanche?

A versão de que foi apenas um jantar que levou FH a passar mais de quatro horas num quitinete do Setor Sudoeste, em Brasília, conflita com o testemunho dos vizinhos da anfitriã do presidente, Alejandra.
Segundo eles, a visita de FH só seria interrompida com a chegada de um furgão branco, conduzido por seguranças, "levando um lanche".
Quem janta não precisa lanchar.

 

Gosto para tudo

Empregados do prédio visitado pelo presidente, quinta-feira à noite em Brasília, jogam uma ducha de água fria em quem estimula a fantasia: a morena Alejandra, que recebeu FH por mais de quatro horas, não é exatamente uma beldade. "Mas tem gosto pra tudo, não é, moço?", observou um vizinho.

Jornal Tribuna da Imprensa, 05 de Julho de 1999 (Jornalista Claudio Humberto)

 

 

 

Alejandra na cabeça

Nem ACM, nem Jáder, muito menos Pimenta da Veiga: quem faz a cabeça do presidente Fernando Henrique é uma argentina, Alejandra E. Herrera, a quem ele visitou quinta-feira durante mais de quatro horas, conforme esta coluna revelou com exclusividade. Ele chegou às 20h no apartamento 105, um modesto quarto-e-sala do Edifício Free Way, na QRSW 1, Setor Sudoeste, bairro de classe média de Brasília, e só saiu de lá à meia noite e meia.

Ah, bom

O porta-voz George Lamaziére, que sexta-feira não quis falar no assunto, ontem confirmou nota publicada nesta coluna e disse que Alejandra, "uma antiga amizade da família", com quem FH trabalhou no Cebrap, seria "funcionária da Anatel", a Agência Nacional de Telecomunicações.

Não chores por mim, Brasil

A argentina Alejandra E. Herrera não é funcionária da Anatel. Ela tem um contrato de "consultoria" com a Agência e ganha R$ 11 mil mensais.
Recebe R$ 3 mil a mais que o próprio presidente da República e quase o dobro do dirigente máximo da Anatel, Renato Guerreiro. Oficialmente, Alejandra assessora um dos membros do conselho diretor, o discretíssimo Antônio Valente, que ontem não foi encontrado em Brasília.

Privilégios de autoridade

Demonstração do prestígio de Alejandra é o gabinete exclusivo que ocupa no 5º andar do prédio da Anatel, em Brasília. Nem os funcionários mais graduados têm esse privilégio. O tratamento especial se estende ao estacionamento da repartição, onde ocupa a vaga 123 com o seu Chevette verde metálico, placa JEJ 0415, cujo IPVA de 94 está em aberto e multas de R$ 197,00 pendentes de pagamento.

Um lugar discreto

O apartamento de Alejandra Herrera não tem telefone e passa a maior parte do tempo fechado. "Ela fica aqui uma semana, 10 dias, e depois desaparece um mês, às vezes dois", testemunha uma vizinha. Alejandra fechou seu apartamento outra vez no último sábado, à tarde, viajando para Buenos Aires, segundo informaram na Anatel.

Paciente predador

A visita a Alejandra deve ter sido mesmo muito importante para FH.
Só isso explica sua paciência: enquanto esteve em companhia da misteriosa morena, o presidente foi xingado por um militante petista, que gritou incansavelmente à sua janela.
"Predador" foi a única expressão publicável do vizinho de Alejandra.

Mistério permanece

Colegas de Alejandra na Anatel confirmam que ela não é exatamente uma beldade. Veste-se de forma displicente e usa indumentária "riponga" - do tipo que parece estar chegando agora (e a pé) do festival de Woodstock.

Feijão com arroz

Pelo visto, após apreciar a comida mineira, FH agora prefere bandejão.

Jornal Tribuna da Imprensa, 06 de Julho de 1999 (Jornalista Claudio Humberto)

 

 

 

A última a saber

A visita de FH à amiga argentina Alejandra Herrera, quinta-feira à noite, durante quase quatro horas e meia num apartamento de quarto-e-sala, em Brasília, era ignorada até por sua assessoria mais próxima, que, como dona Ruth, soube do encontro através desta coluna.

Ausência garantida

Se estivesse em Brasília, dona Ruth jamais compareceria ao encontro no quitinete de Alejandra, segundo uma velha amiga e confidente.
"O presidente não teria coragem", diz, sugerindo que o relacionamento entre FH e a argentina não agrada a primeira-dama.

Hora da bruxaria

Circula em Brasília que a argentina misteriosa seria uma espécie de orientadora do presidente na área de tarô, búzios e outros balangandãs.
FH aprecia esse tipo de enganação a que se entregam pacientes terminais. Seu ministro da Saúde, José Serra, também: há dias ele recebeu um "bruxo" espanhol que perambula nos corredores de Brasília vendendo soluções milagrosas - e inúteis - na área de comunicação.

Para ninguém saber

Segundo o porta-voz do Planalto, FH foi ao apartamento de Alejandra "participar de um jantar em homenagem" ao presidente da Anatel, Renato Guerreiro. Festejaram o sucesso das ligações interurbanas? Terá sido a primeira homenagem secreta da história do poder, em Brasília.

Jantar de araque

A versão do "jantar de homenagem" não se sustenta: cerca de duas horas depois de FH chegar ao quitinete de Alejandra Herrera, sua segurança providenciou um lanche, que foi entregue num furgão Fiorino. Não é exatamente comum alguém receber o presidente da República para jantar e recorrer ao disk-pizza para saciar a fome do ilustre convidado.

Única certeza Não se sabe o que levou FH a visitar Alejandra Herrera, muito menos o que aconteceu nas quatro horas e meia em que ele permaneceu no seu pequeno apartamento de quarto-e-sala, mas uma coisa é certa: acabou em pizza.

Jornal Tribuna da Imprensa, 07 de Julho de 1999 (Jornalista Claudio Humberto)

 

 

 

Visitas são mensais

A argentina Alejandra Estela Herrera Rieznik vai à Brasília uma vez por mês, daí as ausências prolongadas atestadas pelos vizinhos do ed. Free Way, em Brasília, onde o presidente Fernando Henrique esteve por quatro horas e meia na noite de quinta-feira da semana passada. Como não vive na capital, alugou um quitinete barato, que sequer tem telefone, e circula num carro velho, o Chevette verde metálico placa JEJ 0415. Além de amiga de FH, ela seria também uma requisitada vidente residente em Salvador.

Até agora, R$ 50 mil

O Planalto divulga que a amiga argentina de FH é "consultora", para justificar seu contrato com a Anatel (Agência Nacional de Telecomunicações). Esta coluna apurou que ela já recebeu quase R$ 50 mil (exatamente R$ 49.995,61) dos cofres públicos, só nos últimos meses.
A 2 de julho, dia seguinte ao seu misterioso encontro com o presidente, Alejandra embolsou R$ 8.865,00 líquidos, depositados na sua conta na agência do Banco do Brasil no Ministério das Relações Exteriores.

Ausência no dia DDD

O contrato de Alejandra Herrera com a Anatel objetiva "assessorar o Conselho Diretor em assuntos relativos à defesa de ordem econômica, à universalização dos serviços de telecomunicações e à elaboração de um novo marco regulatório para os serviços de comunicação eletrônica de massa". Apesar do objetivo pomposo e da natureza do seu contrato, a "especialista" se ausentou de Brasília exatamente no dia (sábado, 3) da estréia do novo sistema de ligações interurbanas no País.

Já virou piada

Diante da incapacidade do Palácio do Planalto de elaborar uma explicação razoável para o encontro de FH com a amiga argentina Alejandra Herrera Rieznik, surgem em Brasília "teorias" bem humoradas para a visita: - O presidente apenas foi dar um apoio contundente ao Mercosul.
- Ele quis subir um lance de escadas só para exibir forma física.

Jornal Tribuna da Imprensa, 08 de Julho de 1999 (Jornalista Claudio Humberto)

 

 

 

Alejandra na boca do caixa

A misteriosa argentina Alejandra Estela Herrera Rieznik continua embolsando uma grana preta do erário nacional. No último dia 2, segunda-feira, ela recebeu da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) R$ 12.600,00 brutos (R$ 8.865,00 líquidos), quantia superior ao teto de R$ 8.500,00 brutos pagos a seu amigo presidente da República, que a visita no seu quitinete no Setor Sudoeste em Brasília, conforme revelou esta coluna.
O dinheiro foi depositado na sua conta (nº 6025943) da agência do Banco do Brasil, no Ministério das Relações Exteriores. Alejandra tem sido paga mensalmente e, de janeiro até agora, ela já recebeu R$ 58.860,61.

Jornal Tribuna da Imprensa, 07 de Agosto de 1999 (Jornalista Claudio Humberto)

 

 

 

Alejandra: R$ 151 mil

Agora é oficial e a Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) nem dá bola para o falatório: cumprindo ordens do Planalto, renovou o contrato de "consultoria" com a argentina Alejandra Herrera Rieznik, aquela em cuja quitinete FH passou cerca de quatro horas e meia na noite 1º de julho deste ano, conforme esta coluna revelou. Ela vai ganhar R$ 12.600,00 por mês ou R$ 151.200,00 em um ano, o prazo de duração do contrato.

Jornal Tribuna da Imprensa, 13 de Agosto de 1999 (Jornalista Claudio Humberto)