
A REPÚBLICA JULIANA
Desalojado da barra da Laguna pela escuna
imperialista Itaparica e lanchão Lagunense, no dia 21 de
Julho de 1839, entra no rio Tubarão, onde sabia não
existir forças imperiais, o navio Seival, a cujo bordo encontravam-se
Garibaldi e Griggs.
Descendo o rio encontra-se com o lanchão
imperial Catarinense, comandado por José de Jesus. Trava-se
a luta entre os dois até que, faltando munição
ao lanchão imperial, o comandante resolve queimá-lo.
Desce em seguida, o barco republicano, encontrando,
pouco mais abaixo, o lanchão imperial Lagunense, que é
tomado sem dificuldade. Daí rumam novamente para Laguna já
evacuada pelos imperialistas brasileiros comandados pelo coronel
Vicente Paulo de Oliveira Vilas-Boas, que soube terem os farroupilhas
forças muito superiores às suas. Tendo Vilas-Boas
também ordenado aos navios fundeados no porto que saíssem
barra fora. Ficaram encalhados a escuna Itaparica e o lanchão
Santana, que foram tomados pelos farroupilhas na manhã do
dia seguinte.
Comandando Laguna e vários outros pontos
da província de Santa Catarina, proclamou Davi Canabarro,
no dia 25 de Julho de 1839, a República Catarinense, ou Juliana,
conforme se vê do ofício seguinte, da mesma data, Ao cidadão presidente e vereadores da Câmara
Municipal da vila de Laguna:
Incessantes deprecações
do povo catarinense em favor da sua independência
e liberdade foram dirigidas ao governo republicano Rio-Grandense;
elas foram acolhidas e jamais deixariam de o ser entre
uma nação livre, e em resultado veio a
divisão libertadora sob meu comando. Seus primeiros
passos anunciam a breve terminação desse
punhado de baionetas do Império, e a consolidação
do sistema libre nesta parte do solo americano.
Vitória que no dia 22 do corrente
à face desta vila obtiveram nossas armas e as
mais que saíram sucedendo, a espontânea
vontade com que voam os livres americanos, de todos
os cantões do nascente Estado Catarinense às
fileiras libertadoras, são o garante de sua estabilidade.
Que deveremos praticar em um nexo vitorioso quando os
frutos procuram aos homens e não estes a aqueles?
Quais os embaraços que faltam superar? Nem um
só resta para declarar já e já
solenemente a nação catarinense livre
e independente, formando um Estado Republicano Constitucional.
Esse dia de grandeza nacional pertence hoje a esta representação
municipal que deverá ser a da capital interinamente,
visto que o município da cidade do Desterro,
único onde esse limitado número de baionetas
se conservam, ainda que por curto espaço de tempo,
está privado de partilhar a glória de
elevar com os demais concidadãos a pátria
ao nível das nações do globo. (...) |
Baseado no livro "A Revolução Farroupilha",
de Walter Spalding. |